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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Simbolismo do Pavão


texto por: Ananda





A ave do Paraíso, o "animal de cem olhos", símbolo da visão de Deus pela alma. Não é só pela impressionante harmonia de suas formas e pela exuberância de suas cores que o pavão é um animal constantemente associado à beleza e à perfeição. É também por seu comportamento altivo e majestoso que o animal conquistou este posto. Mas, além disso, o pavão guarda outros símbolos mais profundos consigo. Antigamente acreditava-se que esta ave (que se alimenta de vermes, insetos, sementes e frutos) seria imune a plantas e animais venenosos, sendo capaz de transformar as toxinas que ingere nas cores radiantes de suas penas.



Pavão indiano com o leque fechado.

Na Índia, o pavão já foi considerado um animal sagrado. Quem matasse um deles seria condenado à morte. Hoje esse costume não existe mais, porém dezenas de pavões andam livremente por certos templos hindus e são alimentados pelos sacerdotes. No budismo tibetano, o pavão simboliza o bodisatva, aquele que transcende os venenos emocionais como a raiva, o ciúme, a inveja e é capaz de viver entre as "pessoas comuns", ajudando-as a alcançar a iluminação, sem se deixar contaminar pelo mundo.



Pavão indiano com o leque aberto.

Na Grécia Antiga, o pavão era um dos animais de Hera, deidade que regia o casamento. Eles acreditavam que por essa ligação com a deusa Olímpica, seu corpo não se corrompia após a morte. Tal crença foi inclusive adotada pelo cristianismo até a época de Santo Agostinho.
Uma curiosidade, é que todo ano, durante o Inverno, as penas do pavão caem para que nasçam outras novas, recuperando seu esplendor durante a primavera. Por este motivo, a ave se tornou símbolo de renovação e mudanças favoráveis, bem como da imortalidade e do renascimento. Os primeiros critãos adotaram o pavão como símbolo da ressurreição e representaram-no diversas vezes bebendo do cálice eucarístico.

Na China e no Vietnã o pavão é signo de fertilidade e prosperidade. Na tradição sufi, ramo esotérico do islamismo, o pavão possui um importante papel iconográfico. Os sufis contam que quando a Luz se manifestou e o Self (o Eu Superior) viu sua imagem refletida num espelho pela primeira vez, ele viu um pavão com sua cauda aberta. Uma bonita história que tenta traduzir a magnificência e a pureza do Eu Superior através da figura do pavão.



Pavão branco.

Os "olhos" na cauda do pavão abrem um leque de interpretações e significados. Ainda segundo o sufismo, eles representam as virtudes espirituais irradiadas pelo Olho do Coração. Já a Teosofia considera o pavão como um “Emblema da inteligência de cem olhos e, também, da Iniciação. É a ave da Sabedoria e do Conhecimento Oculto", segundo o Glossário de Helena Blavatsky. O "olho" da pena do pavão também é associado à glândula pineal, fazendo dela um símbolo sagrado. Ainda hoje essas penas são usadas como talismãs e proteção contra maus espíritos.



O "olho" na pena do pavão.



O Pavão e as Deusas:

  • Hera
De acordo com a mitologia grega, o pavão era o animal de Hera e ganhou suas marcas em formato de olho graças a uma mulher chamada Io. Ela era sacerdotisa de Hera, esposa de Zeus. Zeus se apaixonou por Io e a transformou em uma novilha para protegê-la da ira e do ciúme de Hera. Hera ficou desconfiada e pediu a Zeus que lhe desse a novilha de presente. De posse do animal, Hera incubiu Argus, homem coberto de olhos, de vigiar Io. Zeus, então, enviou um mensageiro para resgatar a sacerdotisa, matando Argus. Como uma homenagem a Argus, Hera colocou seus "olhos" no pavão.

Representação de Hera ao lado de um pavão.


  • Saraswati

Saraswathi é a deusa hindu da sabedoria, da fala, da poesia, da música e dos estudos, e é quase sempre representada ao lado de seu pavão, algumas vezes ao lado de seu cisne. Na simbologia de Saraswathi o pavão possui, surpreendentemente, um significado diferente de todos os outros. Com sua linda plumagem, ele representa o mundo em toda sua glória e a ignorância (avidya) advinda da ilusão mundana. Já o cisne, com sua capacidade de separar o leite das águas, representa a sabedoria (viveka) e o conhecimento (vidya). O pavão sentado perto de Saraswathi está ansiosamente esperando para servi-la como veículo. Mas, por seu comportamento imprevisível e seu humor influenciado pelas mudanças do tempo, Saraswathi utiliza o cisne como veículo e não o pavão. Com isso, a imagem tenta dizer que devemos superar a ansiedade e a inconstância para utilizar bem o conhecimento.


Saraswathi, o pavão e o cisne.


5 comentários:

Sergio Filho disse...

A beleza desse animal é mesmo incrível. É perfeitamente compreensível o porquê de tantas representações e adorações assumidas pelas culturas do planeta.
Parabéns pelo blog, já estou seguindo!

Wilian Oliveira disse...

Incrível o seu blog. Parabéns!
Confesso que sou um verdadeiro "amante" do pavão.
A beleza e a simbologia desse animal são incontestáveis. Também é um animal com o qual eu me identifico muito.

Mais uma vez, parabéns!

lucas disse...

Parabens e obrigada pelo blog. Muito elucidativo e me foi muito útil.
Paz e bem.
Samira Zommari

Unknown disse...

Símbolo, também, da Divindade iorubá Logunedé, devido principalmente à sua extrema beleza.

Logunedé é a inesgotável juventude, herdeiro de todas as riquezas e talentos de Oxum e Oxóssi. Deus adolescente, andrógino (tendendo ao masculino), alegre, hábilidoso caçador e pescador, Ele é o Senhor da inspiração artística.

Mamadu Lamarana Bari disse...

Mamadu Lamarana Bari
O porte majestoso, o canto clamante e ritualística, a beleza e harmonia de cores de suas penas somam o conjunto que faz do Pavão vistoso e admirado por todos os seres.

Por isso os antigos veem nele o clamor da sabedoria quando canta e a sublime transcendência do espírito aos que nesse canto presta a atenção. Sempre admirei essa ave e vejo nele um todo Harmônico.

Saravá.

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